Sindimetrô-RS lança manifesto por retirada da Trensurb de plano de privatizaçõesSegundo sindicato, BNDES segue atualizando calendário de concessão da estatal(copiei do
Sul21, que publicou isto no último dia 17/02)
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Metroviário e Conexas do RS (Sindimetrô-RS) lançou nesta segunda-feira (17) um manifesto em defesa da Trensurb pública. O ato, na sede da entidade, contou com a presença da deputada federal Fernanda Melchionna, da deputada estadual Luciana Genro, ambas do PSOL; do vereador de Canoas, Gabriel Constantino (PT), além de dezenas de militantes de entidades sindicais e políticas.
No manifesto, o Sindimetrô-RS relata que em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, a Trensurb foi incluída no Plano Nacional de Desestatização (PND). No governo Lula, apesar de reiteradas promessas, a estatal ainda não foi retirada do plano.
De acordo com o sindicato, em maio de 2023, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, garantiu que a Trensurb seria retirada do PND em uma reunião com a bancada gaúcha. Em março de 2024, houve uma reunião entre os metroviários, o então presidente da Trensurb, Fernando Marroni; e Marcus Cavalcanti, secretário especial do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), vinculado à Casa Civil.
Na ocasião, Cavalcanti teria afirmado que em, no máximo, dois meses a Trensurb seria retirada do PND. Marroni chegou a anunciar em suas redes sociais que o governo Federal havia retirado a estatal do PND. “Ele [Marroni] não mentiu, ele estava na reunião e ouviu a mesma coisa que a gente. Foi Cavalcanti quem disse que retiraria a Trensurb do PND”, conta Luis Henrique Chagas, presidente do Sindimetrô-RS.
Apesar da promessa, o BNDES, responsável por estudos de modelagem de concessão, seguiu atualizando um calendário para a venda da Trensurb. No site do banco, segundo o sindicato, constava até a última sexta-feira (14), previsão de edital de concessão da estatal em outubro de 2025 e de leilão em janeiro de 2026. As informações foram retiradas do ar.
“Nosso sindicato foi o primeiro a abrir voto em Lula, a defender o Fora Bolsonaro. E, para nossa surpresa, passados dois anos do governo Lula, a Trensurb continua no rol das privatizacoes”, lamenta o presidente do Sindimetrô-RS. Chagas relata que, durante a campanha, Lula recebeu um documento do sindicato, e se comprometeu a não privatizar a companhia. “Isto é, no mínimo, uma quebra de promessa”.
O dirigente sindical diz que para os metroviários e suas famílias, além da possível privatização, incomoda a falta de transparência. Segundo Chagas, o governo não explica por que não retirou a Trensurb do PND, nem dá acesso aos estudos de concessão feitos pelo BNDES. “Eles não dizem nada, isso é o pior. Não temos explicação. Claro que a gente não quer que a Trensurb seja privatizada, mas a gente quer que o processo seja, no mínimo, transparente. Esses estudos vêm desde o governo Bolsonaro e os trabalhadores não têm acesso a esses estudos. Estamos falando de mais de mil famílias, de mais de 100 mil pessoas que utilizam o trem”.
“Campanhas como essas são super importantes para pressionar o governo e tirar a faca do pescoço dos trabalhadores e do povo que precisa do Trensurb”, avalia Fernanda Melchionna. A deputada federal relata que vem participando de reuniões e audiências públicas com os trabalhadores da Trensurb nos últimos anos e afirma que é um “péssimo sinal” que a empresa ainda não tenha saído do PND. “O governo sempre diz que vai tirar e nunca tira. Essa falta de sinalização é extremamente preocupante. Ao não tirar do PND é um péssimo sinal e mostra que pode seguir tramitando a tentativa de privatização, ou de concessão para o Eduardo Leite privatizar”.
Além de buscar assinaturas para o manifesto, um comitê formado por quatro sindicatos que são a base dos trabalhadores da Trensurb (além do Sindimetrô-RS, o Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge-RS), Sindicato dos Técnicos Industriais no Estado do Rio Grande do Sul (Sintec-RS) e o Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande Sul (Sindaergs-RS) estão organizando uma agenda de iniciativas, como a realização de audiências públicas e conversas com os usuários nas estações do trem. As entidades também preparam uma caravana para Rio Grande, onde Lula deverá estar na próxima segunda-feira (24). O objetivo é conversar pessoalmente com o presidente.