Uma história de Israel: leitura crítica da Bíblia e arqueologia, p. 62.
J. A. Kaefer wrote:Então, o que se pode dizer sobre o êxodo? Apesar de tudo, é preciso reconhecer que houve uma ou várias experiências de libertação. A teologia do êxodo está presente em praticamente todos os textos do AT e é uma das principais teologias da Bíblia Hebraica. Então a historicidade de uma ou várias experiências de libertação como fato fundante da narrativa do Êxodo não pode ser negada. O que temos é dificuldade de saber hoje o que de fato aconteceu, onde e quando aconteceu.
Na base deve estar a narrativa de um grupo que conseguiu libertar-se (Ex 14,5) da opressão do Egito, ou de uma cidade israelita controlada pelo Egito. Podem ser também várias narrativas de vários "êxodos" de diversos grupos que foram ao longo do tempo fundidas em uma só. Várias foram as libertações vivenciadas no processo de formação de Israel. Há a libertação da fome vivenciada pelas primeiras famílias de pastores que se sedentarizam nas montanhas. Há a libertação dos camponeses cananeus que fugiram da opressão dos reis de Canaã e dos faraós do Egito e das guerras causadas pelas invasões do "povos do mar" e foram acolhidos nos assentamentos dos pastores nas montanhas. Há a libertação de grupos de marginalizados sem-terra que eram perseguidos e muitas vezes escravizados pelas sociedades agrárias ou urbanas do mundo cananeu e do Império Egípcio.
Nas cartas de Amarna, esses grupos são chamados de hapirus; nos textos bíblicos em hebraico, aparecem como 'ivri, que é traduzido por "hebreus" (Gn 14,13; 39,14; Ex 1,15; Dt 15,2; 1Sm 4,6; 13,3.19); nos textos egípcios, são chamados shasu; e no acadiano são denominados sutû.
David Roberts-IsraelitesLeavingEgypt 1828David Roberts, em domínio público, através da
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